Tavira é uma das cidades históricas mais bem preservadas do Algarve e uma das mais agradáveis para visitar. Tem um bonito centro histórico e algumas das melhores praias da região. A Porta de Dom Manuel, aberta em 1520 e que hoje se vê ao lado do posto de turismo, dá acesso ao centro histórico. Este é um conjunto de ruas e largos com calçada portuguesa, igrejas caiadas de branco, as ruínas de um castelo e os chamados telhados de tesoura ou tesouro. Se tiver tempo para visitar apenas um monumento, escolha a Igreja da Misericórdia, que é a obra renascentista mais importante do Algarve. Existe um total de 21 igrejas na cidade (ou 37, contanto com as dos arredores), mas apenas cerca de uma dúzia estão abertas ao público. Sempre que encontrar as portas abertas, não deixe de entrar, pois as fachadas singelas muitas vezes escondem ricos interiores.
O litoral estende-se por cerca de 18 quilómetros e faz parte do protegido Parque Natural da Ria Formosa. Tem duas ilhas (a Ilha de Tavira e a Ilha de Cabanas), com praias de areia branca, que estão entre as melhores de Portugal. Os barcos que dão acesso às ilhas atravessam a ria e os sapais, permitindo observar uma variedade de flora e fauna, particularmente aves – mais de 30.000 espécies, residentes e migratórias. Chegando às praias, tem-se uma paisagem de dunas a perder de vista, com exceção do lado nascente da Ilha de Tavira, que é coberto por um pinhal. Para preservar as dunas, foram colocados passadiços entre os cais e os areais.
Ao passear pela cidade, repare nos detalhes das portas. Chamam-se “portas de reixa” e são de origem árabe. Estas permitiam que as mulheres, que não podiam sair de casa sem serem acompanhadas por homens, observassem o exterior sem serem vistas. Este tipo de porta foi mantido mesmo após a expulsão dos mouros no século XIII, pois também arejavam os interiores, mantendo a privacidade dos habitantes.
Muitas têm batentes em forma de mão, que poderão ter uma origem ainda mais antiga, do tempo dos fenícios. Escavações arqueológicas em Tavira têm revelado formas de mão em tudo, desde cerâmica a jóias. Isto poderá estar associado ao culto de Baal, um deus venerado pelos fenícios, e ao longo dos séculos acreditou-se que mãos nas portas protegiam as casas do mau-olhado.
Quanto aos emblemáticos telhados, estes não cobrem a casa na sua totalidade, mas sim cada divisão individualmente. Ninguém sabe qual a origem ou razão, pois não parecem ter um propósito, mas pode tratar-se de uma influência da arquitetura indiana, após a abertura das rotas marítimas entre Portugal e o Oriente no século XV.
Monumentos e Atrações Turísticas em Tavira
Ponte Romana
Existem hoje várias pontes que atravessam o Rio Gilão, mas esta é a mais antiga. Tem sete arcos e diz-se que remonta à ocupação romana, embora tenha sido reconstruída e alterada ao longo dos séculos, sobretudo nos séculos XII e XVII. Continua a ser um dos principais pontos de referência de Tavira, e ao atravessá-la (é apenas para peões) aprecia-se algumas das melhores vistas da cidade.
Praça da República
A praça principal de Tavira marca o centro da cidade. Fica junto ao rio, mesmo ao lado da Ponte Romana, e é onde se encontra a Câmara Municipal, o posto de turismo e várias esplanadas. Ao centro está um espelho de água com fontes e um monumento aos combatentes da Grande Guerra.
Jardim do Coreto
Colado à Praça da República, o Jardim Público de Tavira é mais conhecido por Jardim do Coreto. Foi projetado em 1890, ano em que também foi construído o seu coreto em ferro forjado. É o ponto de encontro dos residentes de Tavira de todas as idades e frequentemente palco de eventos especiais.
Mercado da Ribeira
Na extremidade sul do Jardim do Coreto fica o antigo mercado da cidade, que fechou em 1999 e é agora ocupado por lojas e restaurantes. O edifício data de 1887 e mantém a arquitetura original, no interior e no exterior. Às vezes também apresenta eventos culturais.
Rua José Pires Padinha
Igreja da Misericórdia
Este é o primeiro monumento que se avista ao entrar no centro histórico pela Porta de D. Manuel. Construído em 1541, é o melhor exemplo da arquitetura renascentista no Algarve, embora grande parte da decoração no interior seja do século XVIII, incluindo o retábulo em talha dourada e os painéis de azulejos azuis e brancos que revestem as paredes. Os visitantes podem subir à torre sineira para admirar uma vista sobre Tavira.
Veja o guia da Igreja da Misericórdia.
Castelo de Tavira
O castelo de Tavira foi originalmente erguido pelos mouros, mas o rei D. Dinis reconstruiu-o no século XIII. Ficou quase totalmente destruído pelo grande terramoto de 1755, permanecendo uma ruína até hoje. O interior foi ajardinado e encontra-se aberto como jardim público, dando também acesso ao topo das muralhas, de onde se tem uma vista sobre a cidade.
Veja o guia do Castelo de Tavira.
Igreja de Santa Maria do Castelo
Construída junto ao castelo no século XIII, esta é a principal igreja de Tavira. Apesar de ter sido danificada pelo terramoto de 1755 e depois reconstruída, preserva o portal gótico original, algumas capelas góticas e manuelinas e painéis de azulejos do século XVII. Os retábulos refletem os estilos dos diferentes períodos após a reconstrução, principalmente o rococó e o neoclássico. É aqui que está sepultado Paio Peres Correia, que conquistou Tavira aos mouros em 1242, juntamente com sete cavaleiros. Os túmulos podem ser vistos na capela-mor. Há também uma exposição de arte sacra, que inclui esculturas e pinturas dos séculos XV ao XIX. O grande relógio numa das torres foi acrescentado no século XIX.
A igreja está aberta ao público nos dias úteis e aos sábados de manhã.
Largo Abu-Otmane
Igreja de Santiago
Situada a poucos metros da Igreja de Santa Maria do Castelo, esta é uma igreja semelhante, caiada de branco e datada de 1270. Tal como as outras igrejas de Tavira, teve de ser reconstruída após o terramoto de 1755, mas a falta de fundos manteve um exterior despojado. Grande parte da decoração no interior, incluindo retábulos e pinturas dos séculos XV e XVI, foi trazida de outras igrejas e conventos da cidade que fecharam ao longo dos anos.
Encontra-se aberta ao público nos dias úteis e aos sábados de manhã.
Rua Dom Paio Peres Correia
Igreja de São Pedro Gonçalves Telmo
Esta igreja do início do século XVI pertencia a uma irmandade de pescadores e teve de ser reconstruída após o terramoto de 1755. O exterior é simples, mas o interior apresenta um magnífico teto pintado em 1765, ricos retábulos renascentistas e barrocos e imagens setecentistas veneradas pelos pescadores. Uma dessas imagens é a de Nossa Senhora das Ondas, que é outro nome dado à igreja. Tudo foi cuidadosamente restaurado em 2014, quando o monumento foi aberto ao público pela primeira vez em muitos anos.
Rua Dr. Marcelino Franco, 19
Igreja de São Francisco
O Convento de São Francisco, construído em 1250, foi um dos edifícios mais importantes do Algarve medieval, mas foi devastado pelo grande terramoto de 1755 e novamente por um incêndio provocado por um raio em 1881. A sua igreja abobadada preserva parte da arquitetura gótica original, mas é principalmente uma reconstrução barroca. Uma das capelas tem uma rica decoração em talha dourada e imagens de santos levados na tradicional procissão da Semana Santa.
Praça Zacarias Guerreiro
Igreja do Hospital do Espírito Santo
Erguida em 1454, esta igreja fazia parte de um hospital e também ficou conhecida como Igreja de São José em 1721, após um milagre atribuído a uma imagem do santo. No início do século XVIII, D. João V declarou-a igreja real, o que explica o brasão no portal. Foi reconstruída em 1752 nos estilos barroco, rococó e neoclássico, sobrevivendo pouco do gótico original.
Praça Zacarias Guerreiro
Museu Municipal de Tavira
O principal museu de Tavira divide-se em núcleos diferentes, mas o principal ocupa um palácio do século XVI chamado Palácio da Galeria. Este edifício foi inaugurado como museu após uma reabilitação em 2001 e apresenta exposições relacionadas com a história e cultura de Tavira, e ainda arte contemporânea. Escavações revelaram vestígios fenícios (dos séculos VII e VI aC) relacionados com rituais religiosos, provavelmente dedicados a Baal, o deus das tempestades. O edifício preserva elementos góticos, renascentistas e barrocos, inclusive na elegante fachada de 1746. Um segundo núcleo do museu, localizado junto ao posto de turismo na Praça da República, concentra-se no período islâmico da cidade. É muito pequeno mas apresenta uma coleção curiosa. O destaque vai para um vaso do século XI com figuras humanas e de animais, cuja importância levou a que tenha sido exposto no Museu do Louvre em Paris em 2014 e 2015, estando agora em Tavira em exposição permanente.
Encerra aos domingos e segundas-feiras.
Largo da Misericórdia
Edifício André Pilarte
Um dos poucos edifícios que sobreviveram ao terramoto de 1755, esta casa data do século XVI e terá sido erguida por André Pilarte, responsável pela construção da Igreja da Misericórdia (ver acima). O interior conserva algumas características manuelinas e renascentistas. Encontra-se quase sempre fechada, mas abre ocasionalmente para exposições temporárias.
Rua Dom Marcelino Franco